Neste artigo tentaremos transmitir alguma informação que permita compreender as consequências de uma errada escolha da solução de isolamento térmico de pavimento.
O aquecimento radiante elétrico de pavimento apresenta-se como uma excelente solução de aquecimento e pode ser instalado imediatamente por baixo do pavimento. Não precisa de caldeiras, ou sistemas centralizados, tem baixo investimento inicial, soluções flexíveis e adaptáveis às mais diversas situações, controlo independente por compartimento, sem manutenção e um longo período de vida útil.
Vamos abordar a situação específica em que a instalação contempla uma solução de isolamento térmico para posterior aplicação de uma betonilha com pelo menos 3cm de espessura. Iremos fazer uma comparação com outras soluções de "isolamento" tipicamente utilizadas (de forma errada na nossa opinião).
Uma solução eficiente de isolamento térmico de pavimento ao diminuir o fluxo de energia no sentido oposto ao que se deseja garante um maior fluxo de energia no sentido que se deseja, normalmente para cima (superfície radiante).
O isolamento térmico de pavimento desempenha um papel importante no desempenho global do sistema de aquecimento. Assegura não só um maior conforto como garante uma maior poupança energética e uma maior reatividade do sistema de aquecimento.
Por outro lado, é importante planear na periferia dos espaços uma tira/banda de isolamento (ex: polietileno) de forma a realizar a correção de pontes térmicas na ligação/contato dos pavimentos com as paredes. É um procedimento muito simples mas que no global contribui para reter mais energia, reduzir a fatura energética e aumentar a performance do sistema de aquecimento.
Para uma boa performance aconselha-se a utilização de uma solução de isolamento térmico de pavimento com uma resistência térmica de pelo menos 1 m2K/W. No caso de o local estar localizado por cima de um local não aquecido (exterior, fundações, outro) a resistência térmica deverá ir até aos 2 m2K/W. A solução de isolamento térmico deve ser resistente à compressão (adequada ao local) e deve ser adequada para isolamento térmico de pavimentos. Como exemplo, recomendam-se 4cm de poliestireno extrudido (XPS) para obter a resistência térmica de 1 m2K/W ou, até 7 cm para obter a resistência térmica de 2 m2K/W.
Quando não existem alturas disponíveis normalmente passa por reduzir a espessura de isolamento e facilmente encontramos aplicações de piso radiante elétrico onde se utilizam "telas termorefletoras", "bolha de ar", ou qualquer outra solução, que tipicamente não terá mais do que 1cm de espessura o que, no ponto de vista de obra é muito simpático mas, mais tarde, quando o sistema de aquecimento for ligado, vão chegar as consequências desagradáveis! Quando é esse o caso aconselha-se ponderar uma solução de aquecimento direto (imediatamente por baixo do revestimento final). Exemplo AQUI.
Algumas das premissas são fixas para facilitar a análise no entanto o que será importante reter será a energia que será perdida no sentido contrário ao que se pretende. Genericamente no nosso exemplo reduzir de 3cm de isolamento para 5mm implica perder até 2,5 vezes mais energia. Energia essa, que será paga e que não proporcionará o conforto desejado.
A solução mais lógica passaria por planear em fase de obra de forma a permitir incorporar uma adequada solução de isolamento térmico de pavimento (>3cm).
Não sendo possível, será sempre de ponderar optar por uma solução de aquecimento direto (imediatamente por baixo do revestimento) onde a rapidez de aquecimento diminuirá as perdas devido ao menor tempo que o sistema permanecerá ligado.
Neste exemplo como isolamento são utilizadas placas de XPS de alta densidade revestidas em ambas as faces. O revestimento cerâmico final será aplicado diretamente.